quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Inferno

O vento flamejante entra pela janela
e lambe o corpo adormecido,
com a sua língua quente.
A casa grita silenciosamente
Pela garganta muda da mulher.
A cama encharcada de suor
embala os pesadelos infernais,
Cheirando a fumaça, mofo e enxofre.

No horizonte, o sol nasce,
Alastrando fogo em campos sem fim.
Pelo ventre seco da terra
lagartos correm, fugindo dos
Raios de fogo que queimam o asfalto.

O corpo viril cai no chão em brasa,
se descolando da cama.
Os olhos abrem e visualizam
Curvas indo em direção à janela.

Outros olhos observam o céu.
Vêem nuvens cinzas.
Mãos abrem a porta da varanda
E saem.
O vento, como um vestido de fogo,
envolve a nudez exposta.

O homem se transforma em cobra
E rasteja aos pés de Eva.
Vendo-a vestida de vento vermelho vivo;
Da cor da maçã pecaminosa,
Ou da pimenta ardida;
Ele se enrosca e sobe
Pelo tronco vermelho,
Sedento pela boca rubra.

Um comentário:

izilgallu disse...

Olá Jana, obrigada pela visita
você escreve lindamente, adorei
abraços
izil